quarta-feira, 10 de outubro de 2012

@mor - Daniel Glattauer



Autor(a): Daniel Glattauer
Título Original: Gut Gegen Nordwind
Páginas: 184
Lançamento: 2012 - Brasil / 2006 - Alemanha
Editora: Suma de Letras
Classificação: 



Pausa nos livros com sexo à cada três palavras, parti para um livro que estava muito ansiosa para ler.
Sabe quando um livro começa a aparecer nos blogs de literatura que você segue, e TODOS, mas todos mesmo, falam super bem?
Só por aí, você já ficaria curiosa.
Mas, e se o tema do livro fosse algo que você já tivesse, mesmo que com menos intensidade, vivido?
Bom, não haveria saída a não ser, claro, lê-lo e tirar suas próprias conclusões.
E @mor do escritor Alemão Daniel Glattauer, não decepciona em nada, qualquer que seja a expectativa, isso eu garanto.

Diferente de todos os livros que já li, ao ler @mor, você se sente meio que um invasor da privacidade alheia.
Vou explicar por que.

Emmi manda um e-mail errado para Leo, e logo eles começam a trocar e-mails constantemente.
Seja para dizer um oi, seja para expressar aquilo que ninguém mais sabe.
Enquanto os e-mails vão sendo trocados, um sentimento forte surge entre os dois, algo que nenhum havia sentido ou vivido. E eis que surge a grande duvida.
Devem ou não se encontrar?
Será que a magia que os envolve conseguirá resistir ao físico do mundo irreal?

Pense que você achou um notebook em uma mesa de um café. Ele está ligado, e na tela a caixa de entrada do e-mail brilha.
Você pergunta para um dos funcionários se sabe de quem é, e ele responde que não.
Pode ser que a pessoa ainda esteja pelo café. Você espera, espera, e ninguém vem atrás do notebook.
O dono ou dona, vai saber, pode ter deixado por ter tido que sair correndo ou algo parecido.
Então, você mexe no notebook, procurando um contato para que possa devolver - não venham me dizer que poderia apenas fechar o computador e deixar com alguém da cafeteria, isso estraga a história! - você entra no primeiro e-mail da caixa de entrada, como é um e-mail de resposta, possa ser que tenha o telefone para contato da pessoa, ou pode, até mesmo, escrever em resposta e dizer para o conhecido que você achou o notebook da pessoa para quem ele escreveu.
Mas aí, você lê o e-mail, é impossível não ler. E se sente tão comovido com as palavras ali deixadas, que lê o e-mail enviado anteriormente, e logo você está buscando o primeiro e-mail daquele correspondente, e começa a ler toda a história deles, presente naquela caixa de entrada e de saída.
Um intruso? Sim.
Mas um leitor, acima de tudo, lendo uma história de como o amor pode surgir de um simples erro ortográfico.

Ah gente, @mor é tudo!
O livro é exatamente isso, como se você tivesse fuçando a caixa de entrada do e-mail de outra pessoa. Tanto faz que seja da Emmi ou do Leo.
Você lê os e-mails que eles trocam, e vai descobrindo coisas sobre você mesmo.
É estranho, mas é a verdade.
Ao mesmo tempo em que eles não dizem nada um para outro, tentando manter aquela fantasia longe de sua realidade, seja dura ou bela, eles falam tudo um para o outro, e criam um laço tão forte que você se sente arrepiar em alguns momentos.

Não temos descrições físicas, ou narrações de sentimentos. Sabemos apenas aquilo que eles nos dão, e é muito mais que descrições física e narrações de sentimentos alheios.
Ali temos eles, tentando entender sobre os próprios sentimentos, tentando mostrar ao outro o quão importante ele se tornou em questão de e-mail trocados durante meses.

E claro, temos a questão de se eles devem ou não se encontrar. O que deixa o livro cada vez mais delicioso, porque no fundo, você fica como eles, sem saber se eles devem se encontrar mesmo! Você consegue entender, perfeitamente, o motivo das duvidas e receios que os assombra.

Agora, porque eu fiquei tão ligada e deliciada com esse livro?
Primeiro, é tão difícil termos lançamentos de literatura alemã no Brasil.  E @mor veio mostrar que há ótima literatura em todos os cantos do mundo. Amém!
Segundo, é um livro tão diferente. E você realmente consegue fazer parte da história, tudo bem que você se sente meio que um intruso em alguns momentos, como se tivesse lendo a correspondência alheia sem permissão, mas Leo e Emmi encantam tanto, que é difícil de parar.
Terceiro, quem nunca se envolveu com outra pessoa, apenas pelo mundo virtual?

Calma! Não estou falando romanticamente, mas tenho grandes amigos com os quais conheci pela internet.
Graças à blogs, comunidades do orkut, e acreditem, por conta de mandar um e-mail com endereço errado. E esse, ultrapassou até mesmo o quesito amizade. E foi bem legal, devo dizer.
Mas voltando, Mariana Akemi, falamos durante anos através dos nossos blogs e nos encontramos pela primeira vez em um show do Ira!. Estava super nervosa naquele dia, acho que nem comentamos nada sobre isso, mas apesar de ver fotos - coisa que no livro eles não fazem - conversar pelo telefone - coisa que no livro eles não fazem - é diferente quando você encontra pessoalmente.

Fabíola Attademo, conheci em 2012 pessoalmente em sua visita à São Paulo. Não estava nervosa, mas ansiosa. E da mesma forma como os personagens, vivemos muitas coisas pela internet. Como assistir a um show do Lady Antebellum juntas! Coisa que fisicamente, talvez, não consigamos realizar!

Enfim, o mundo virtual é uma realidade constante em nossa vida. Não há barreiras para as amizades e porque não, para o amor.
Algumas vezes, sinto que conheço melhor algumas pessoas pela internet, mesmo sem nunca tê-las visto, do que aquelas a qual vejo constantemente. E não é um acho, é uma certeza, melhor dizendo.

@mor é uma realidade. E nada melhor do que você ler uma bela realidade!

A continuação já era para ter saído, espero que a Suma de Letras acelere, porque estou MUITO curiosa para saber o que vai acontecer entre o Leo e a Emmi. Se eles continuarão a serem tão inalcançáveis um para o outro. 

Ficou gigante eu sei, mas eu precisava fazer que vocês entendessem o quanto esse livro é nosso.
Mais que indicado, as 184 páginas é para se ler em um espirro e em um sorriso!

Beijos,

Taty













segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Falsa Submissão - Laura Reese



Autor(a): Laura Reese
Páginas: 416
Lançamento: 2ª edição no Brasil 2012 - Lançado originalmente em 1994
Editora: Record
Classificação: 


Então...
Mais um BDSM, mas esqueçam tudo o que vocês já leram aqui sobre os livros anteriores com esse enfoque no tema.
Falsa Submissão é mesmo, sem duvidas, sem alívio, um livro BDSM.

Nora fica obcecada em descobrir quem matou, de forma brutal, sua irmã mais nova Frances.
Principalmente quando lê o diário dela onde cita seu relacionamento com Michael, ou simplesmente, M.
Ela não tira da cabeça que quem a matou foi esse "namorado" e planeja que ele confesse o crime, nem que para isso, ela precise seguir os passos da irmã, e ter um relacionamento extremo com M.

Pois então, primeiramente, esse livro já foi lançado anos atrás, e agora com essa febre a nada boba editora Record o relançou.
E ele tem algo que todos os outros não tem, zoofilia e um jogo de dominação e submissão sem fim.

Enquanto os livros como cinquenta tons, luxúria e toda sua seguem uma linha de romance, Falsa Submissão não tem romance, ele está longe de aparecer nessa história.

Mumificação, escarificação, amarras, porco, cachorro, chicotes, varas, tudo o que for necessário para o prazer de M. Tudo o que for necessário para se descobrir quem matou Franny.

A história podia funcionar, e muito bem, apesar de ter cenas fortes, elas são citadas e não narradas pela personagem na hora, mas não funciona, não como, provavelmente, a autora se dispôs no começo.

Tudo deveria rondar o mistério do assassinato, mas M. não é misterioso, pelo menos não para mim. E as "reviravoltas" que acontecem durante o livro, são tão enfadonhas e claras, que você sabe muito bem o que está acontecendo, e o que irá acontecer.
Acabando, assim, com todo o suspense que deveria permear a história.

Falsa Submissão não é um livro fácil de se ler, não pelas fortes e até mesmo, nojentas, cenas narradas, mas é um livro cansativo, porque Nora além de ser muiitooo chata e de M. não ter nenhum atrativo como personagem, tudo fica sempre no mesmo lugar, repetitivo e para 416 páginas, cansa.

O pontos positivos é a escrita, muito bem feita, o livro tem uma divisão que no começo me deixou  entusiasmada, mas depois me pareceu algo meio desnecessário, temos duas partes de narração em primeira pessoa e duas partes de narração em terceira. Sendo a primeira por Nora e a terceira narrando algumas partes da vida de Franny com M.
E a autora conseguiu mostrar o quanto a vida de Franny era chata, e como M. conseguia ter todo o poder que tinha sobre ela.
Mas a desculpa para Nora se enfiar, e o pior, permanecer no mundo de M. é muito, usando a medíocre expressão, sem noção.

Acho que vale para aqueles que querem ler um livro com BDSM de verdade, sem a "frescurite" de romances e etc. Para quem quer conhecer esse mundo, mas de forma literária, Falsa Submissão é perfeito.

Para mim, que demorei mais de uma semana para ler esse livro, não agradou, mas não significa que não vai agradar a você.

Beijos,

Taty









quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Piedade - Jodi Picoult



Autor(a): Jodi Picoult
Título Original: Mercy
Páginas: 366
Lançamento: 2011 - Brasil / 1996 - EUA
Editora: Planeta
Classificação: 



Os livros da autora americana Jodi Picoult sempre mexem comigo, e não foi diferente com o título Piedade.

Apesar de em alguns momentos querermos que as histórias dela sejam mais rápidas, é nítida a forma impecável que ela narra, fora a sensibilidade que ela consegue transpassar pelas palavras.

Sempre choro nos livros dela, e sempre fico pensando, por muito tempo, na história após ter terminado. E isso é algo muito precioso na literatura do século XXI.

No livro Piedade, Jodi nos emociona com a história de quatro personagens principais, Allie, Cameron, Jamie e  Maggie.
Cameron é delegado na pequena cidade de Wheelock, seguindo uma longa tradição da família Mcdonald, sente-se  aprisionado naquela árdua tarefa, e estar casado com Allie não ajuda muito.
Mesmo a florista fazendo de tudo pelo marido e amá-lo devotamente, Cameron não consegue parar de sentir uma certa angustia e de sonhar com viagens para bem longe dali. Até que conhece Mia, uma misteriosa viajante que começa a trabalhar na floricultura de sua esposa. De imediato eles sentem uma grande atração um pelo outro, e mesmo estando casado com sua chefe, Mia começa uma relação com Cameron.

No mesmo dia chega à cidade Jamie Mcdonald, primo que há muito tempo Cameron não via, e trás junto de si uma situação que vai balançar seu casamento ainda mais.
Jamie entra na delegacia procurando pelo primo e dizendo que acabara de matar sua esposa Maggie, que sofria de câncer em estágio terminal, a seu pedido.

Enquanto Cameron e toda a cidade acusa Jamie de assassinato, Allie fica do lado de seu “primo” e promete ajudá-lo a não ser condenado. E enquanto ele fica em liberdade provisória, Allie corre atrás de provas que mostrem o quanto Jamie e Maggie eram felizes e como ele fez tudo por amor à esposa. Ao mesmo tempo em que Cameron e Mia se envolvem em um romance desleal.

Bom, dá pra perceber que não é uma história qualquer.

Sabe o livro A Escolha do Nicholas Sparks, que tem como subtítulo brasileiro, até onde devemos ir em nome do amor? Pois então, acho que se encaixa muito melhor no livro da Jodi Picoult.

Jamie e Maggie aparecem como jovens e apaixonados em flashbacks muito bem colocados durante a história, e quando vemos Cameron, Allie e Mia, vemos três pessoas procurando o amor e não encontrando-o.

Por mais que Cameron seja casado com Allie, ele sente falta da emoção de uma paixão e, gente, de verdade, eu chorei muito nesse livro tanto pelo Jamie como pela Allie.

A traição do Cameron é muito dolorosa, a forma como ele trata a esposa e a forma, até mesmo, como ela se trata. É angustiante!
Fora que o que a Mia tem coragem de fazer é absurdo, ainda mais por Allie ter ajudado-a logo de cara, mesmo não precisando de uma funcionária, e ela, simplesmente, começa a ter um caso com o marido dela!

Eu sei que a história “principal” seria o questionamento sobre Jamie ser ou não um assassino.

Pode ser que algumas, ou todas, pessoas, sei lá, irão discordar de mim, mas eu sou a favor da eutanásia. Não vejo motivo para a pessoa ficar presa a aparelhos, vegetando e não vivendo, apenas porque é doloroso para as outras pessoas perdê-la. Se a pessoa pode dar um fim à sua dor, à sua angustia, porque não permitir isso?

E Jamie deu essa chance à Maggie, porque ele a amava incondicionalmente e se era isso que ela queria, se isso acabaria com todo o sofrimento dela, e mesmo que ele fosse preso e passasse o resto da vida na cadeia, tudo bem. Ele havia feito o melhor para a pessoa que ama.

Muito emocionante a história deles, de verdade.

E ai, com tudo isso, Cameron começa a pensar se o primo está certo ou não, no mesmo momento em que é desleal com sua esposa e todas as promessas que fez no dia de seu casamento.

Poderia ficar escrevendo um monte de coisas aqui, mas lhes digo, é um livro que mexe e muito com você, de todas as formas.
Aflora sentimentos dentro de você durante a leitura, que juro, em alguns momentos, são tão angustiantes que é difícil respirar!

Então se você está afim de ler um romance, mas um romance real, onde você pode encontrar situações e duvidas do dia-a-dia, fique à vontade e ansioso para ler Piedade, com certeza irá mexer com você.


Obs. Primeiro livro com classificação máxima no blog.

Beijos,

Taty