sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Última Carta de Amor - Jojo Moyes

Autor(a): Jojo Moyes
Título Original: The Last Letter From Your Love
Páginas: 378
Lançamento: 2012 - Brasil/ 2010 - Inglaterra
Editora: Intrínseca 
Classificação: ★★★★



Quem escreve cartas de amor em pleno século XXI?

Quem escreve cartas de amor, tendo que largar o teclado, pegar papel e caneta e se propor a colocar todos os seus sentimentos em palavras escritas por sua mão, e não por uma máquina?

Quem escreve cartas de amor, tendo que ir ao correio e deixar a facilidade dos e-mails e torpedos para trás?

Quem escreve cartas de amor?

Quando comecei a ler “A última carta de amor” da Jojo Moyes, sabia que iria me encantar e, felizmente, não estava errada.

Acho lindo as pessoas no facebook compartilharem aquelas mensagens tão bonitas, aquelas histórias que na maioria das vezes nunca existiram, mas que foram escritas para nos fazerem pensar e, até mesmo, acreditar. Acho lindo ter esperanças, acreditar que esse genuíno sentimento, tão primata, ainda invade as pessoas fazendo-as acreditarem na vida.

Mas eu lhe pergunto, quem, hoje em dia, no ano de 2012, escreve cartas de amor?

As pessoas esperam romances, acreditam que esse fantasma, que todas as mulheres perseguem com tanta convicção, ainda existe, apesar de não se mostrar tão belamente como antes. Mas, apesar de esperarem, poucas fazem acontecer.

Quanto à história do livro, sinto que ao mesmo tempo é típica, simples, diferente e bela.
Ellie está tendo um caso com um homem casado, e no meio da mudança do jornal onde trabalha, acha essa bela carta de amor escrita por B. Tudo na carta mostra que a mulher, a qual B clama para que fuja com ele, é casada, e Ellie sente-se atraída para saber o que aconteceu com esse romance proibido.

Nessa parte, saí do ano de 2003 e nos leva a conhecer Jennifer, Laurence e Antony, no ano de 1960.

Não sei se foi pela série Mad Men, que se passa nos anos 60, e o meu encanto por essa época, em que o mundo gritava a mudança a pleno pulmões, mas são anos que para mim, são dourados!

Senti muita falta de detalhes físicos dos personagens, aquelas características que muitas vezes se misturam com a personalidade criada e nos fazem sentir que conhecemos aquelas pessoas desde sempre.
Mas fora isso, a descrição da vida de Jenny com Laurence, e de Antony, separadamente, é muito instigante e bem trabalhada.

Na minha opinião, foi a melhor parte do livro.

Não gostei da jornalista Ellie, creio que ela foi criada apenas como aqueles curtas metragens da Disney Pixar antes de seus desenhos, criado apenas para dar um entretenimento antes da grande atração começar.

As cartas de Antony O’Hare no livro de JoJo Moyes, são puras e simples, dominantes e libertadoras, expressivas e calmas, angustiantes e apaixonantes.

Sim, muito estranho, mas são cartas com verdades. São aquelas verdades que nós escondemos de nós mesmos! Que nos negamos a deixar vir a primeira faixa de pensamento em nossa mente, que obrigamos a ficar bem guardadas, como vergonhas.

Estou divagando?

Não sei, de verdade.

Só sinto que a falta de cartas de amor nesse mundo virtual, nesse século XXI, nesse corre corre diário, é uma verdade tão dolorosa, que me faz querer gritar para o mundo:

“Parem com suas mensagens compartilhadas nas páginas de sites. Parem de copiar desejos alheios, palavras alheias. Parem de esperar. E façam acontecer! Escrevam suas palavras. Desejem os seus desejos! Se vocês querem amar, e serem amados, façam isso, da sua forma, não se envergonhe!”

Sei que para algumas coisas é muito mais fácil escrever, mas que quando temos que colocar nossos sentimentos à visão não somente nossa, mas de uma segunda pessoa, a coisa pode ficar aterrorizadora, mas caramba! As pessoas estão carentes disso, carentes de amor, de atenção, de sentimentos puros e intensos, de cartas de amor!

A gentileza dos homens para com as mulheres está morrendo como se estivesse anos esperando uma cura, e agora, desistisse de sua vida, que fora tão bela, mas que terminará de forma iminente.

A paixão das mulheres está acabando, no começo é tudo lindo, apaixonante, mas depois, só reclamações, medos e complicações. Não se luta mais por amores! Não se luta mais por aquele sentimento de 50 anos atrás, aquele, que faziam as pessoas se casarem por amor, que faziam as pessoas saírem de um casamento, enfrentarem o grande preconceito social, em nome do amor. Aquele em que a filha fugia do pai, para estar com o homem que amava.

Cadê a beleza do amor? Cadê a necessidade de se amar? Aquela confusão sentimental que não deixava as pessoas dormirem, comerem, viverem. E que somente quando pegavam uma caneta e um papel, e escreviam de forma tensa e necessária, que o amor que sentia pela pessoa o consumia tanto, que a simples ideia de dormir, comer e viver longe da pessoa amada, era como mil facadas em seu peito?

Cadê as cartas de amor?

Sim, o livro me empolgou, e pode empolgá-lo também.

A busca pela felicidade é algo da natureza do ser humano, e sempre vemos felicidade ligada ao amor, e porque deveria ser diferente?

Escrevam cartas, bilhetes, e-mails, torpedos, recados no mural, scraps de amor!
Se você tem dificuldade em mostrar seu sentimento, tente escrever, vai ver como pode ser muito mais fácil e prazeroso para você e para a pessoa que irá receber suas palavras.

As cartas de amor não fazem falta, apenas, porque ajuda a nos lembrar de que a pessoa o ama, faz falta porque são sentimentos postos em palavras que se podem ultrapassar anos, décadas e séculos, pois elas estarão fixas, a tinta marcada no papel é como o amor encravado em seu coração, só que a outra pessoa pode ver, e porque não se deliciar e voltar 
a acreditar que o amor existe sim!

Livro gostoso de ler, narrativa muito bem construída e história belamente criada.

Agora com licença, porque eu preciso escrever uma carta de amor, e espero que ela não seja a última.

Beijos,
Taty

2 comentários:

  1. A capa desse livro é tão bonita que dá vontade de ler.
    Mas eu tenho trauma com livro de personagens que trocam cartas, depois de largar no meio Onde Terminam Os Arco-Íris, da Cecilia Ahern.
    Claro q é diferente, são um casal de amigos de infancia q trocam cartas e e-mails durante toda a vida, e que se descobrem querendo ficar juntos em momentos inapropriados (qd um ta casado, qd o outro acabou de começar um relacionamento, etc).
    Enfim, só de ler a sinopse vc nota q provavelmente eles só vão ficar juntos qd tiverem uns 70 anos e isso me deprimiu e larguei o livro e nunca consegui voltar hahahahahahaha
    De qq maneira, adorei sua resenha intensa e cheia de sentimento ^^

    Bjsss

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  2. Você não é a primeira pessoa que conheço que gostou muito do livro.

    Vou escrever aqui o que falei para essa pessoa, esse tipo de amor só existe em filmes ou em livros...antigamente não era tão comum fugir por amor, o comum era casar com um homem que a família escolhia, e a mulher viver oprimida!

    Em 8 de março de 1857, cento e vinte nove operárias de uma fábrica de tecidos em Nova York foram assassinadas, queimadas vivas, e daí em 1910 Clara Zetkin propôs que nesse dia fosse instituído o Dia Internacional da Mulher...e resumindo muito, a partir daí a mulher deixou de ser tão submissa e começou a tomar seu espaço nessa sociedade, e com isso morreu um pouco, ao meu ver, esse amor tão romântico, a mulher não precisa ser mais tão protegida, e o cavalheirismo meio que vai ficando de lado, até por que a mulher quer estar na mesma posição do homem!

    E com relação a ser tudo lindo e maravilhoso no começo e depois só reclamação, acho que sempre foi assim e sempre será, as pessoas independente da época em que se vive, não são o tempo todo boas ou o tempo todo más, elas tem momentos, e nem sempre é fácil conviver com isso, permanece mais tempo junto aqueles que entendem isso, e respeitam esses momentos, e dão espaço a seus companheiros...e partir daí é possível sim nos dias de hoje viver um amor, não esse amor romantizado dos livros, mas um amor real, com bases sólidas e não tão sonhadoras, e com certeza menos egoísta.

    É claro que é sempre bom ler um livro assim...cheio de amor, cheio de esperanças, eu particularmente gosto muito, e houve milhares de vezes em que sonhei com um amor assim...mas com o tempo a gente vai vendo que as coisas não são sempre assim tão lindas rsrsr..infelizmente, mas mesmo assim são boas, somos feitos desses momentos felizes e tristes, eu não troco cartas de amor, mas nesse mundo tão tecnológico eu troco emails de amor...torpedos de amor, acho que no fundo da no mesmo não da?

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